Olá a todos!
Em
qualquer contexto que seja, existem sempre lendas sobre um
determinado assunto, no aquariofilismo não é excepção. Passa-se com a
regra de cm de peixe por litro de água; com crescimento de acordo
com o tamanho do aquário; os aquários pequenos que são os melhores para os
iniciantes, pois dão menos trabalho; o aquário que
deve ser desmontado e lavado a cada 6 meses e por aí fora...
De entre
estes mitos, ou lendas, existe um que ainda hoje é forte entre os
aquariofilistas: o uso de sal grosso em aquários com peixes de água doce.
Este artigo foi
pensado para desmistificar este assunto de uma vez por todas, esperamos com ele conseguir mostrar
que o sal não
deve ser utilizado! Nos aquários de peixes de água doce e
que o seu uso pode causar graves problemas nos peixes.
Todas as
águas contém substâncias dissolvidas - sais, gases, pequenas quantidades
de compostos orgânicos e vários poluentes. Além da temperatura da água,
esses são os fatores de maior importância fisiológica.
A
água do mar contém cerca de 3.5% de sal (isto é, 1 litro de água do mar
contém aproximadamente 35g de sal), os principais iões são o sódio e
cloreto, com magnésio, enxofre e cálcio presentes em quantidades
substanciais. A concentração varia um pouco conforme a região.
A
água doce, ao contrário da água do mar, apresenta um conteúdo de
solutos altamente variável. Se a água corre sobre uma rocha dura e
insolúvel, como o granito, ocorre a dissolução de pouco material
adicional e, portanto, esta água é denominada mole; por outro lado, se
ela se infiltra no calcário poroso, pode dissolver relativamente grandes
quantidades de sais de cálcio e é denominada água dura.
Perceba
o facto de o termo "sais" ser aplicado aqui para outros compostos que não o sal de cozinha (cloreto de sódio) ou sal grosso marinho que conhece.
Os
animais de água doce possuem fluidos corpóreos que são osmoticamente
mais concentrados que o meio externo; estes animais são chamados de
hiperosmóticos.
As
diferenças são geralmente reguladas cuidadosamente pelo organismo do
animal. Para ilustrar os problemas da regulação de volume das células,
podemos considerar a membrana celular permeável à água, porém
impermeável aos solutos. Uma alteração na concentração extracelular
(fora da célula, ex: na água) causará uma alteração no volume celular:
- Se a concentração extracelular (da água) for reduzida, a célula absorverá água e inchará - um problema que pode acontecer com os ciclídeos africanos que necessitam de água "dura" e são mantidos em água "mole".
- Se a concentração extracelular for aumentada (colocar sal na água de um peixe de água doce), a água será retirada e a célula murchará, o peixe vai "perder" água para o meio, ficará desidratado.
As
concentrações iónicas são sempre muito diferentes daquelas do meio
externo, mas isto não é tudo. Acontece que os cátiões comuns Na+ e K+ , têm
um efeito perturbador considerável sobre a ação de enzimas metabólicas e
alterações substanciais nas suas concentrações poderiam causar um
desarranjo no metabolismo celular.
Boa
parte do metabolismo celular depende de um processo popularmente
chamado de bomba de sódio e potássio, no qual íons de potássio são
mantidos em concentração intracelular maior e íons de sódio são mantidos
em concentração extracelular maior. Tais concentrações permitem o
funcionamento de proteínas que controlam a entrada de nutrientes vitais à
celula, como glicose e aminoácidos.
Sendo
o sal de cozinha um composto comum pelos íons Na+ e Cl-, ao ser adicionado
em uma maior quantidade no meio em que o(s) peixe(s) se encontra(m)
estará afectando diretamente o metabolismo celular do animal, a menos que
o organismo do mesmo seja capaz de se adaptar a tal situação.
Apesar
deste fenómeno não ser uma causa de morte imediata, são consideráveis os
impactos causados nos organismos dos peixes, mesmo que aparentemente
estejam normais, afinal as concentrações utilizadas não chegam a ponto de
causar uma desidratação fatal.
A
perda de água causa o aumento da concentração de solutos e o sistema de
absorção e reabsorção de iões encontrado em animais de água doce
aumenta ainda mais a concentração de Na+, principalmente em todos os
órgãos do animal. Tudo isso causa uma insuficiência gradual dos sistemas
vitais, levando a uma lenta e sofrida morte.
Num estudo recente sobre o efeito do sal (NaCl) em tilápias, ficou
provado que muitos peixes apresentaram lesões como: perfuração do
opérculo, perda de escamas, alguma despigmentação, letargia, distensão
abdominal e outras anomalias. Tudo isso por terem sido mantidos em água
com concentrações de sal (NaCl) elevadas, à qual estes peixes normalmente
não são expostos.
Casos especiais de peixes de água doce hipersensíveis à presença do sal na água:
Existem
peixes que apresentam o corpo revestido por placas ósseas no lugar das
escamas: coridoras, tamboatás, brochis, loricarídeos e afins; estes
peixes possuem uma camada muito mais fina (podendo até mesmo estar
ausente) de muco epitelial externo.
Não suportam a presença de sal na água (NaCl), pois pode facilmente
levá-los à morte por desidratação rapidamente devido à grande diferença
osmótica criada, à qual não estão adaptados e não são capazes de
enfrentar. Muitas, se não a maioria, das espécies de loricarídeos não
suportam a presença de sal na água.
Quando a adição do sal na água do aquário é recomendada:
Em casos de espécies
adaptadas a meios mais instáveis e/ou salobros, que vivam em estuários, possuem sistemas de absorção de iões que variam de acordo com a
concentração osmótica do meio, ou seja, em meios de concentração salina
maior, a absorção de iões será menor e vice-e-versa.
Assim,
tais espécies conseguem manter os seus fluídos vitais estáveis, evitando a
desidratação já mencionada e/ou uma super-hidratação, caso se encontrem num meio
hipotónico em relação ao organismo do peixe.
Algumas
espécies, por estarem há muito tempo adaptadas a tal ambiente, acabam
por necessitar de alguma adicção de sal na água para uma vida plena e
saudável, seja pelo desenvolvimento de fraqueza contra doenças menos
comuns em águas salobras ou mesmo pela necessidade de uma certa quantidade
de sal para a melhor manutenção do tão citado equilíbrio osmótico (certas espécies como o abelhinha).
Para outras, mais adaptáveis e resistentes, pouco importa a concentração
salina na água, desde que não haja extremos e que a variação não ocorra
bruscamente (havendo poecilídeos em geral como exemplo).
Algumas
espécies mais comuns e que vivem bem em água salobra: algumas espécies
de baiacus, o conhecido peixe vidro indiano, o já citado abelhinha
famoso por seu diminuto tamanho que é inversamente proporcional à sua
beleza e charme, o peixe arqueiro é outro que vive melhor em água
salobra, mexirica e scatófagos também integram o time.
Existem
várias outras espécies, cada uma com suas necessidades particulares
quanto à densidade da água, tamanho do aquário, companheiros e
alimentação.
A
natureza demorou milhares de anos para moldar as necessidades de cada
espécie de peixe, não queira ser do contra e fazer seu peixe sofrer só
porque lhe falaram que o sal grosso faz bem para peixes de água doce.
Existem muitas informações por aí, o importante é saber questioná-las e
filtrá-las!!!
Apenas frisando: Não coloque sal grosso na água do teu aquário com peixes de água doce!!!!
"Ahh mas eu li em um site que o sal é bom contra o íctio..."
NÃO coloque o sal, ele faz mal para o parasita e para o pobre coitado do peixe que já está debilitado.
"Mas fulano usa sal no aquário e os peixes dele estão bem"
Primeira
questão: são peixes que podem viver em águas com uma salinidade maior,
por exemplo, os poecilídeos (lebiste, molinésia, plati, espada...)?
Segunda questão: Faz quantos anos que ele trata os peixes assim? Não perdeu nenhum? Todos cresceram bem?
"Ahhh mas..."
Nada de "mas", é comprovado cientificamente que o sal grosso faz mal a peixes de água doce
(by http://www.sekaiscaping.com)
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