Peixes Territorialistas:
Peixes
territorialistas apresentam interações agressivas que são
caracterizadas por ataques diretos de um indivíduo ao outro. Ocorre uma
hierarquia de dominância e de submissão, estabelecida por meio de
confrontos entre os peixes, em que os animais maiores geralmente são
dominantes e os menores são submissos. O estabelecimento e a manutenção
dessa hierarquia provocam, tanto aos dominantes quanto aos submissos,
uma situação de estresse, porém com maior intensidade aos submissos.
Assim,
é desencadeado um crescimento diferencial entre os indivíduos do grupo,
denominado de “crescimento heterogêneo”, que, independentemente do
sexo, está correlacionado às condições de dominância e de submissão.
É
comum observarmos que geralmente os peixes maiores em relação ao resto
da mesma espécie são os primeiros a se alimentar, se acasalam com as
fêmeas e são mais agressivos com os outros. No caso de peixes
sabidamente territoriais – como antes de escolher seu peixe você já terá
essa informação – evita-se colocar mais de um macho da mesma espécie
inibindo assim futuras disputas por território, fêmeas, alimentação e
outros.
Peixes
territoriais pioram ainda mais seu comportamento em época de reprodução
então pense muito bem antes de colocar um casal de ciclídeos anões, por
exemplo, em um aquário comunitário. Quando eles forem reproduzir
ficarão agressivos ao extremo para poder cuidar da cria e a defenderão a
qualquer custo de qualquer invasor que se aproxime.
Exemplos de peixes territoriais:
anabantídeos, ciclídeos africanos, ciclídeos americanos, ciclídeos anões.
Betta splendens:
um dos peixes mais injustiçados do nosso hobby, ele apenas é agressivo
com machos da mesma espécie ou peixes de aparência semelhante, fora isso
normalmente pode ser mantido com outros peixes em aquários comunitários
sem maiores preocupações. Na verdade, pode até acontecer de ele se
tornar a vítima de outros peixes por ser mais lento e possuir as
nadadeiras grandes e chamativas.
Melanochromis cyaneorhabdos:
Como todo ciclídeo africano é territorial e não "gosta" nem um pouco de
outro macho da mesma espécie ou de padronagem de cor semelhante no
mesmo aquário. Não é tão agressivo quanto seu parente Melanochromis auratus, mas é bom não contar com a sorte e evitar peixes semelhantes.
Metriaclima estherae RED:
Ciclídeo africano agressivo, não colocar com outros machos da mesma
espécie ou de cor semelhante, normalmente se torna o dominante do
aquário que habita.
Apistogramma bitaeniata tefé - macho
Apistogramma agassizii "Urucará" - macho
Apistos:
Peixinhos magníficos, de comportamento ímpar e não costumam causar problemas no aquário quando sozinhos!!!
Se você quer ou tem um desses no seu aquário comunitário não coloque
outro macho da mesma espécie nem uma fêmea. Ou ele irá se tornar super
agressivo contra o outro macho ou contra todos os outros peixes – no
caso de acasalar com uma fêmea.
Trichogaster leerii:
é agressivo com machos da mesma espécie e peixes semelhantes, atinge um
tamanho médio de 10cm quando adulto, com os demais peixes costuma ser
indiferente.
Mikrogeophagus ramirezi:
ciclídeo normalmente pacífico que quase sempre só é agressivo com
machos da mesma espécie. Exemplo disso é a linda foto tirada por Dennis
Quaresma mostrando dois machos se enfrentando.
Iriatherina werneri:
Peixe de beleza singular que normalmente só é agressivo com outros
machos da mesma espécie, neste caso ficam disputando a hierarquia do
grupo ou então a atenção de uma fêmea como se pode ver nesta belíssima
foto tirada por Chantal W. Kornin.
Meu peixe é agressivo ou age por instinto?
Será
que o meu peixe é agressivo porque quer? Ou as ações realizadas por ele
são baseadas em seu instinto? Gostaria de, nesta parte do artigo,
trazer a questão do antropomorfismo que é muito comum entre alguns
hobbystas. Antropomorfismo é a ação de passar aos animais (no nosso
caso) valores humanos, quer um exemplo disso? Achar que o peixe está
“feliz”, “triste” ou “bravo”.
Aplicando
a questão do antropomorfismo ao artigo, é comum dizer que o peixe é
“bravo” e por isso sempre bate nos outros peixes. Na verdade não é bem
assim, se o peixe está agredindo outros ele tem um motivo por trás disso
e está agindo pelo seu instinto natural. Um exemplo típico seria na
hora da reprodução: primeiro o macho se torna agressivo com outros de
sua espécie (ou de formato semelhante) porque tem a necessidade
fisiológica de passar seus genes para frente e gerar descendentes. Como
ele vai fazer isso se tiver outro macho por perto que possa acasalar com
a fêmea? Neste caso ele fará de tudo para evitar a concorrência e
tentará afugentar o outro macho.
Macho de Apistogramma agassizii enfrentando o próprio reflexo
Pensando
um pouco mais a frente: Ele já se acasalou com a fêmea e agora será
agressivo com todos os peixes ao redor – não só machos da mesma espécie –
e ele fará isso para poder defender sua futura cria e garantir sua
herança genética novamente.
Casal de Apistogramma cacatuoides defendendo local da desova
Fêmea de Apistogramma bitaeniata cuidando dos ovos durante a noite
Macho de Pelvicachromis pulcher (Kribensis) guardando a toca com ovos
Por
último a cria nasceu e já começa a nadar pelo aquário, enquanto os
filhotes não tiverem um tamanho razoável os pais irão defender a cria de
todas as maneiras possíveis provocando um grande estresse em todos os
outros habitantes.
Fêmea de Apistogramma bitaeniata cuidando dos filhotes - note a coloração amarela que ela apresenta quando nesta fase.
Fêmea de Apistogramma agassizii em época de reprodução
No
final das contas podemos observar que o peixe não ficou “bravo” porque
quis e sim que se tornou mais agressivo devido ao seu instinto de
reproduzir e passar os genes para frente. Justamente por casos assim eu
não costumo recomendar casais de peixes que praticam o cuidado parental
(maioria dos ciclídeos) em aquários comunitários.
Agora
que você já leu este artigo e já está mais informado sobre quais
espécies dão bons cardumes e quais são mais agressivas e devem ser
evitadas ou então introduzidas no aquário com suas devidas ressalvas
está na hora de colocar em prática o conhecimento adquirido!
(por Cinthia Emerich, aquascaping.com)